Times da Liga Forte União (LFU) e o "Esvaziamento" da Libra: O Novo Xadrez Financeiro do Futebol Brasileiro ganha o Atlético Mineiro

 

LFU liga forte união


O cenário do futebol brasileiro vive mais um capítulo agitado e decisivo nos bastidores da criação de uma liga unificada. A notícia da adesão do Atlético Mineiro (Galo) à Liga Forte União (LFU), abandonando a Libra (Liga do Futebol Brasileiro), ressoa como um verdadeiro terremoto, não apenas reorganizando as forças em campo, mas redefinindo o futuro do bilionário mercado de direitos de transmissão.

Essa mudança estratégica do Galo, que segue os passos do Corinthians, anteriormente já migrado da Libra para a LFU, intensifica a polarização e levanta sérias questões sobre a viabilidade e o poder de negociação da Libra. O movimento do Atlético-MG, segundo fontes e dirigentes do clube, se deu por discordâncias no modelo de divisão de receitas e o que chamaram de "visão individualista" de alguns membros da Libra, em especial o Flamengo, que historicamente detém as maiores fatias de audiência e, consequentemente, receitas.

atlético mineiro solta nota da sua junção na LFU


Quem Faz Parte da Liga Forte União (LFU)?

A Liga Forte União (LFU), formada pela união da antiga Liga Forte Futebol (LFF) e o Grupo União, consolida-se como um bloco robusto, com o objetivo claro de buscar um modelo de divisão de receitas mais equilibrado e que favoreça o crescimento conjunto dos clubes.

Com a mais recente adesão do Atlético-MG, o grupo atinge a marca de 33 clubes em todas as séries do Campeonato Brasileiro, incluindo alguns dos maiores e mais tradicionais do país.

Principais Membros da LFU (Séries A e B – Destaques):

ClubeEstadoSérie em 2025 (Exemplo)
Atlético MineiroMinas GeraisSérie A
BotafogoRio de JaneiroSérie A
CorinthiansSão PauloSérie A
CruzeiroMinas GeraisSérie A
FluminenseRio de JaneiroSérie A
FortalezaCearáSérie A
InternacionalRio Grande do SulSérie A
Vasco da GamaRio de JaneiroSérie A
Athletico-PRParanáSérie B (Exemplo)
CearáCearáSérie A
SportPernambucoSérie A
América-MGMinas GeraisSérie B (Exemplo)
Atlético-GOGoiásSérie B (Exemplo)
CuiabáMato GrossoSérie B (Exemplo)
e outros clubes da Série B e C...

O Que Abalam as Saídas de Atlético-MG e Corinthians na Libra?

O principal impacto das saídas de clubes de grande expressão, como Corinthians e agora o Atlético-MG, é o enfraquecimento da representatividade e do poder de negociação da Libra.

 Perda de Massa e Audiência (Poder de Barganha)

O futebol se move por paixão e números. Clubes como Corinthians e Atlético-MG trazem consigo milhões de torcedores e altos índices de audiência. O esvaziamento da Libra, especialmente na Série A (que, após a saída do Galo, ainda conta com Flamengo, Palmeiras, São Paulo, Grêmio, Santos, Red Bull Bragantino, Bahia e Vitória, entre outros), diminui o valor total do seu "pacote" comercial de direitos de transmissão.

  • Menos Estrelas, Menos Interesse: Uma liga com menos grandes clubes juntos tem uma proposta comercial menos atrativa para investidores e emissoras, reduzindo a concorrência e, consequentemente, o valor final do contrato de TV.

 Comprometimento da Unificação da Liga

O objetivo primário de ambas as frentes (LFU e Libra) é a criação de uma Liga Nacional Unificada sob um modelo de governança profissional. As trocas de lado e a polarização indicam um distanciamento desse objetivo.

  • Visões Antagônicas: O principal ponto de discórdia é o modelo de divisão das receitas de TV.

    • Libra: Defende a fórmula 40% (divisão igualitária) – 30% (desempenho) – 30% (audiência). Este modelo é criticado por concentrar maior receita nos clubes com maior audiência histórica (como Flamengo e Corinthians - este último agora na LFU).

    • LFU: Propõe a fórmula 45% (divisão igualitária) – 30% (desempenho) – 25% (audiência). Ao aumentar a fatia fixa e diminuir a fatia de audiência, a LFU busca maior equilíbrio financeiro entre os times, o que é visto como essencial para o crescimento sustentável de todos.

Vantagem Financeira Imediata da LFU

A LFU já fechou um acordo de investimento significativo a longo prazo, garantindo previsibilidade de receitas para seus membros, com uma estimativa de arrecadação superior a R$ 1,7 bilhão por temporada até 2029 para o grupo (incluindo o investimento). Os clubes da Libra, por sua vez, negociaram um valor menor, na casa de R$ 1,117 bilhão no acordo mais recente, o que reforça o apelo financeiro da LFU, especialmente para clubes que buscam maior estabilidade e uma fatia fixa mais robusta.

A Decisão do Galo: O retorno do Atlético-MG para a LFU, um bloco onde o Cruzeiro (seu maior rival) já está, demonstra que a convicção no modelo de maior equilíbrio financeiro e no potencial de unificação do bloco LFU pesou mais do que a permanência em um grupo com modelos de divisão mais concentradores.

O Futuro da Liga Nacional

O novo xadrez financeiro coloca a Libra em uma situação de pressão. Para evitar um esvaziamento ainda maior e manter sua relevância, a Liga terá que considerar rever seus termos de divisão ou buscar uma aproximação de consenso com a LFU. A saída de grandes clubes pode ser o catalisador que forçará os dois blocos a, finalmente, encontrarem um modelo de negócio comum para o futebol brasileiro, antes que a divisão em ligas comerciais distintas se torne a única realidade. A pressão agora é total para a unificação, mas o caminho será definido pelo lado que estiver disposto a ceder na busca por um "bolo maior" para todos.

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