Arbitragem Brasileira em Colapso: Erros Graves e Suspeitas Marcam a Crise no Brasileirão

Luciano reclamando por falta não marcada durante clássico


A arbitragem brasileira mergulhou em mais uma crise de credibilidade sem precedentes, com a 27ª rodada do Campeonato Brasileiro 2025 sendo marcada por uma série de erros considerados "grotescos" e lances polêmicos que geraram indignação generalizada e levantaram suspeitas sobre a lisura da competição. O ponto de ebulição se deu nos jogos São Paulo x Palmeiras e Bragantino x Grêmio, culminando com o afastamento dos árbitros e assistentes envolvidos pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).



Clássico Paulistano Vira "Escândalo"

O epicentro da polêmica foi o clássico paulista entre São Paulo e Palmeiras, no MorumBis, que terminou com a virada do Verdão por 3 a 2. O jogo, que chegou a estar 2 a 0 para o Tricolor, teve seu rumo alterado por decisões cruciais da arbitragem. As principais reclamações do São Paulo recaíram sobre a não marcação de um pênalti claro para a equipe e a não expulsão de um jogador palmeirense, lances que o árbitro de campo, Ramon Abatti Abel, e o VAR ignoraram, sem que o juiz fosse chamado à revisão no monitor.

Dirigentes do São Paulo, como o presidente Julio Casares e o executivo Rui Costa, não pouparam críticas, com Casares declarando que o "Brasileirão está manchado" e classificando a atuação como "desastrosa". O técnico Hernán Crespo, em entrevista, chegou a classificar o ocorrido como "escandaloso" e algo que nunca havia visto em 32 anos de carreira, afirmando que os erros "condicionaram absolutamente tudo" no resultado final.


Suspeitas e Reclamações de Favorecimento

A crise se intensificou com a manifestação de outros clubes. O diretor de futebol do Flamengo, José Boto, sugeriu publicamente um possível favorecimento do Palmeiras pela arbitragem, dizendo que "o que se passa nos outros jogos é vergonhoso" e que a situação "deixa suspeitas do que acontece por trás". O Palmeiras, por sua vez, rebateu as acusações, classificando os rivais como "hipócritas" e pedindo punição no STJD para os que "lançam suspeitas indevidas sobre pessoas e instituições".

A CBF, em nota oficial, reconheceu os erros graves e anunciou o afastamento do árbitro Ramon Abatti Abel e da equipe do VAR de São Paulo x Palmeiras, bem como dos profissionais de Bragantino x Grêmio, que também teve uma marcação de pênalti controversa. Os profissionais serão submetidos a "treinamento, aprimoramento e avaliação interna" antes de um possível retorno à escala.


O Debate sobre a Profissionalização e Transparência

A sequência de falhas reacendeu o debate sobre a profissionalização da arbitragem no Brasil. Ex-árbitros de renome, como Arnaldo Cezar Coelho e Carlos Eugênio Simon, manifestaram-se, com Simon detonando que a arbitragem "chegou no fundo do poço" e Arnaldo Cezar Coelho declarando que o sistema está "falido" e perdeu a credibilidade.

A falta de profissionalização é apontada como um problema estrutural. Muitos árbitros de elite precisam conciliar a função com outras profissões, como a de serralheiro ou professor, tendo que bancar sua própria estrutura de preparação física e mental. As taxas de remuneração, que variam de R$ 5.250 a R$ 7.280 por jogo (para um FIFA), não garantem a exclusividade e a dedicação integral necessárias para a elite do esporte.

Além disso, a falta de transparência na utilização do VAR é um ponto de tensão. A CBF optou por não divulgar os áudios do VAR do clássico São Paulo x Palmeiras, seguindo o protocolo de só liberar áudios em lances que o árbitro de campo tenha consultado o monitor, o que não ocorreu nos momentos mais contestados. Essa decisão aumentou a desconfiança, levando o São Paulo a enviar um ofício à CBF solicitando a liberação e até mesmo levantando a possibilidade de consulta à FIFA sobre o caso.

Em meio a críticas pesadas, que chegam a classificar a arbitragem brasileira como "a pior do mundo", a pressão pela mudança é imensa, com especialistas e clubes pedindo a troca da cúpula do sistema, a criação de uma Escola Nacional de Árbitros para uniformizar critérios e a inserção de ex-árbitros de renome no VAR. A crise atual não é vista apenas como um problema de incompetência individual, mas sim como um colapso sistêmico que está afetando diretamente o resultado final do principal produto do futebol brasileiro.

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