Em um anúncio que reverberou por todo o continente sul-americano e promete agitar os bastidores do futebol mundial, o presidente da Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA), Gianni Infantino, comprometeu-se a realizar uma edição da Copa do Mundo na Bolívia. A promessa foi feita durante uma visita oficial a La Paz, na última segunda-feira, 20 de outubro de 2025, em meio às celebrações do centenário da Federação Boliviana de Futebol (FBF), injetando um sonho gigantesco no coração de uma nação apaixonada por futebol, mas que historicamente enfrenta desafios estruturais e geográficos para sediar eventos dessa magnitude.
O entusiasmo do dirigente máximo da FIFA foi palpável. "Vamos trazer uma Copa do Mundo para cá, claro, é evidente; vamos ver, vamos conversar sobre qual Copa do Mundo estamos falando," declarou Infantino, sem especificar se o compromisso se refere ao Mundial masculino, feminino ou a competições de categorias de base. O tom de celebração e o apoio explícito de Infantino representam o primeiro e mais importante passo para que o país andino, que disputou a Copa do Mundo em 1930, 1950 e 1994, possa sonhar em ser o anfitrião.
O Impacto da Altitude: O Grande Desafio Logístico e Físico
Um dos pontos centrais da discussão e o maior obstáculo para a realização de um torneio de alto nível na Bolívia é a famosa altitude. La Paz, a capital administrativa, e outras cidades-sede em potencial, como El Alto, possuem estádios localizados a mais de 3.600 metros e 4.000 metros acima do nível do mar, respectivamente. Essas condições geográficas são conhecidas por impor dificuldades extremas aos atletas que atuam ao nível do mar, levantando críticas recorrentes sobre a equidade esportiva e a saúde dos jogadores.
É justamente por isso que a especulação inicial, após a declaração de Infantino, aponta para a possibilidade de o país sediar uma Copa do Mundo de categorias de base, como o Mundial Sub-17 ou Sub-20. Embora não tenha o mesmo apelo midiático e financeiro da Copa masculina principal, seria um marco histórico e um passo crucial para o desenvolvimento do futebol boliviano. A FIFA, no entanto, já demonstrou capacidade de mover os "bastidores" para concretizar seus planos, como visto recentemente no processo de escolha da Arábia Saudita para o Mundial de 2034, o que sugere que um apoio irrestrito pode superar ou, ao menos, mitigar as objeções da altitude.
Votação e Burocracia: O Longo Caminho até a Concretização
Apesar da promessa presidencial, o caminho para sediar uma Copa do Mundo é longo, complexo e democrático. A escolha final das sedes de Mundiais não é uma decisão unilateral do presidente da FIFA, mas sim um processo que exige uma votação entre as mais de 200 associações nacionais filiadas à entidade. O apoio de Infantino, embora poderoso, é apenas o pontapé inicial em uma maratona burocrática e política.
A visita do presidente da FIFA a La Paz contou com a presença de figuras importantes do cenário futebolístico e político, como o presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), Alejandro Domínguez, e o recém-eleito presidente da Bolívia, Rodrigo Paz. O apoio da Conmebol e o diálogo com o novo governo boliviano são fundamentais para garantir a estabilidade política e o investimento em infraestrutura necessários para atender aos rigorosos padrões da FIFA.
Cenário Conturbado e Foco no Presente
O otimismo gerado pela promessa de Infantino, no entanto, contrasta com um momento de turbulência interna na Federação Boliviana de Futebol. Antes da visita do dirigente, o sindicato dos jogadores profissionais do país, o Fabol, havia solicitado a intervenção da FIFA devido a denúncias de "ilegalidades" e supostos casos de corrupção na gestão da FBF. Essa instabilidade administrativa representa um fator de complicação que a FIFA e a Conmebol terão que monitorar de perto, pois a integridade e a transparência são requisitos cruciais para a organização de um evento global.
Enquanto o país sonha com um Mundial no futuro, a Seleção Boliviana se prepara para um desafio mais imediato: a repescagem das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, marcada para março, no México. A busca por uma vaga no torneio da América do Norte (EUA, Canadá e México) mantém o foco esportivo da nação, equilibrando o sonho de longo prazo de ser anfitriã com a realidade competitiva do presente.
A promessa de Gianni Infantino coloca a Bolívia, inesperadamente, no centro das aspirações globais do futebol. Resta saber se o apoio da FIFA será suficiente para superar a altitude, as complexidades burocráticas e os desafios internos, transformando o sonho do “Mundial na Bolívia” em uma realidade que celebrará o futebol andino.
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