O Corinthians, mais uma vez, vê seu nome envolvido em um escândalo que promete agitar os bastidores do futebol brasileiro. O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) protocolou uma denúncia explosiva contra o ex-presidente Andrés Sanchez e o gerente financeiro à época (e atual diretor, afastado após a denúncia), Roberto Gavioli, por suposto uso indevido de cartões corporativos do clube. Os crimes imputados à dupla são graves: apropriação indébita, lavagem de dinheiro e crime tributário.
A denúncia, apresentada pelo promotor Cássio Roberto Conserino em coletiva de imprensa nesta quarta-feira, é resultado de uma investigação mais ampla sobre irregularidades financeiras em gestões passadas do clube alvinegro. Segundo o MP, a investigação aponta que Andrés Sanchez teria usado o cartão empresarial do Corinthians, no valor aproximado de R$ 480 mil, como se fosse um cartão particular, realizando gastos pessoais que nada tinham a ver com as atividades do clube.
Entre os gastos considerados "incomuns" e que levantaram a suspeita do MP, estão aquisições em joalheria de luxo (H.Stern), compras de roupas em lojas de grife (Brooksfield), despesas em farmácias, hospitais, postos de combustível, Duty Free e até mesmo em um restaurante em Fernando de Noronha. O promotor enfatizou que as notas fiscais dessas compras eram emitidas em nome de Andrés Sanchez, mas o pagamento era feito com o cartão corporativo do Timão. "O cartão empresarial do Corinthians era utilizado como se fosse privado. Não é necessário perspicácia para saber que um cartão corporativo não é utilizado numa drogaria, hospital de ponta ou duty free. Esse dinheiro é do Corinthians e não de quem ocupava o cargo à época", detalhou o promotor.
Os Crimes Detalhados
O crime de apropriação indébita é o cerne da denúncia contra Andrés Sanchez. Ele é acusado de ter se apossado, de forma ilegal, dos valores destinados ao clube, utilizando-os para benefício próprio. A legislação prevê que a pena para apropriação indébita possa ser agravada se praticada em razão de ofício, emprego ou profissão.
Já o crime de lavagem de dinheiro estaria configurado, segundo o MP, na tentativa de ocultar ou dissimular a origem e a natureza dos valores apropriados. Ao realizar compras em nome próprio com o dinheiro do clube, o ex-presidente teria buscado dar aparência de licitude a um recurso obtido de forma ilícita.
Por fim, o crime tributário está associado à constituição de crédito tributário, ou seja, acréscimos patrimoniais ilícitos (os gastos pessoais) que, segundo o MP, não foram devidamente declarados, podendo configurar sonegação fiscal. O Ministério Público, inclusive, pediu o ressarcimento do valor apropriado (R$ 480 mil) mais uma indenização por danos morais ao Corinthians.
A Participação do Gerente Financeiro
Roberto Gavioli, gerente financeiro do clube na época e denunciado juntamente com Sanchez, é acusado de ter sido negligente e de ter facilitado a ocorrência dos crimes. De acordo com o MP, Gavioli tinha o "dever jurídico de impedir, averiguar e fiscalizar" os gastos dos cartões corporativos, elaborando relatórios e prestando contas aos órgãos internos, mas não o fez. Essa omissão o colocou na qualidade de codenunciado. Após a denúncia, Gavioli foi afastado do cargo.
As Consequências e a Defesa
Diante do peso das acusações, Andrés Sanchez, que ocupava cargo vitalício no Conselho Deliberativo e fazia parte do Conselho de Orientação (CORI), solicitou seu afastamento das funções no Corinthians. A Diretoria Executiva do clube, por sua vez, reforçou o "comprometimento na colaboração com as investigações do Ministério Público e dos órgãos internos".
A defesa de Andrés Sanchez, no entanto, nega veementemente as acusações e já protocolou um pedido de rejeição sumária da denúncia do MP. Em nota, a defesa alega "nulidades processuais, direcionamento indevido da investigação e incompetência material", reiterando que a inocência do ex-dirigente será comprovada no decorrer do processo judicial.
Agora, o futuro do caso está nas mãos da Justiça. Um juiz irá analisar a denúncia do Ministério Público. Se ela for aceita, Andrés Sanchez e Roberto Gavioli se tornarão réus em uma ação penal que promete expor as vísceras das finanças corintianas e, consequentemente, impactar a já conturbada imagem do clube. O desdobramento dessa história é aguardado com expectativa por torcedores e pela sociedade, que esperam transparência e responsabilização na gestão de entidades esportivas de grande alcance.
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